Touro da B3: Entenda toda a história sobre essa estátua polêmica – ESTOA

Touro da B3: Entenda toda a história sobre essa estátua polêmica

Da instalação à retirada, Touro da B3 foi removido pela prefeitura


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A B3 é a Bolsa de Valores do Brasil, uma união entre a BM&F Bovespa (Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo) e da Cetip (Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos). A cada dia a B3 cresce e tem empresas interessadas em investimento, com altas e baixas, se mantém forte e já se consolidou no mercado de ativos.

Visando a mídia, se juntou com nomes do cenário financeiro e decidiu colocar uma estátua de um Touro gigante em frente ao seu prédio, localizado na Rua XV de Novembro, centro histórico de São Paulo. A notícia sobre a novidade, rodou o Brasil nos dias 11 e 12 de novembro de 2021, a grande data de estreia do Touro foi programada para 16 de novembro de 2021.

Documento mostra valor pago pela B3 à Dmaisb | Foto: Lei de acesso à informação

A obra foi um conjunto de ideias e ideais, envolvendo muitos personagens, o primeiro é o autor da obra, Rafael Brancatelli, arquiteto e sócio-diretor da construtora Dmaisb, 41 anos, com 15 anos de experiência na construção civil. Foi o escolhido para criar o Touro da B3, o artista realizou mais de 150 desenhos até chegar no molde aprovado. Algumas declarações de Brancatelli, foram criticadas, como:

“Ele tem um olhar sereno, mas está preparado e sabe que, se tiver um desafio, vai encará-lo com toda a força. Este é o momento de mostrar que qualquer pessoa pode investir, até o estudante e a empregada doméstica”.

O nome de Pablo Spyer, argentino de nascimento, foi diretor de operações da EQI Investimentos, uma empresa ligada ao BTG Pactual, tem 30 anos de experiência. Spyer virou sócio da XP Investimentos e se tornou um influencer, criando a Vai Tourinho S/A, uma marca para falar sobre investimentos e mercado financeiro.

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Touro de Ouro da B3 | Foto: Divulgação – B3

A Obra então foi inaugurada na cidade de São Paulo, com muita festa, abraços, fotos e uma estátua de bronze, na cor mostarda, de um Touro de mais de 5 metros de comprimento e 3 metros de altura. 

Na noite de terça-feira, 23 de novembro de 2021, o Touro da B3 foi retirado pela B3, com fiscalização da Prefeitura de São Paulo. Multado e sem licença para sua instalação, uma briga política entre a companhia, investidores e órgãos públicos já vinha acontecendo. A estátua violou uma importante lei, a Lei da Cidade Limpa, além de não conter uma autorização da Comissão de Proteção à Paisagem Urbana. 

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Embalado por sacos plásticos, plástico bolha e fita adesiva, o Touro da B3 foi retirado por volta das 21:57 min segundo a assessoria de imprensa da bolsa. A CPPU (Comissão de Proteção à Paisagem Urbana) reiterou que a multa será indicada pela subprefeitura da Sé. E além da infração pública, a estátua foi considerada uma “peça publicitária” e não poderá ser colocada novamente.

A empresa Vai Tourinho S/A possui como símbolo um touro semelhante, outro fator importante, foi a placa abaixo do Touro com uma assinatura da Vai Tourinho. A CPPU(Comissão de Proteção à Paisagem Urbana) realizou uma votação com relatores componentes de sua comissão, foram 05 votos favoráveis a remoção, 04 contrários e 01 abstenção. “Será encaminhado despacho das sanções deliberadas à Subprefeitura da Sé para as devidas providências cabíveis referentes à autuação da peça” em nota da Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL).

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Touro sendo removido do centro de São Paulo | Foto: Reprodução Globo

Regina Monteiro, presidente da CPPU, comentou durante a comissão: “É inequívoco que houve uma infração à Lei Cidade Limpa quando a obra foi instalada sem o aval inicial da CPPU, uma vez que a própria Subprefeitura da Sé pede essa aprovação. Mais do que nunca, todo mundo vai aprender. A cidade não tem leis demais, como o prefeito falou. A gente é muito claro. Mas a gente vai aproximar com subprefeitos e subprefeituras para mostrar que qualquer elemento colocado na paisagem tem que passar pela CPPU”.

Durante a reunião, o autor da obra, Rafael Brancatelli, disse que não sabia da necessidade de uma aprovação para a estátua ser colocada em um espaço público. “Procurei os dispositivos legais que estavam ao meu alcance.Não foi por desrespeito ou porque queria passar por cima de nada. Tá aprendida a lição. Numa outra iniciativa nós com certeza vamos procurar a CPPU. Conversei até com o secretário César Azevedo [da SMUL] e ele mesmo ficou surpreso e falou:‘olha, realmente eu não tinha certeza” afirmou Brancatelli.

Protesto em frente ao Touro da B3 teve música e churrasco | Foto: SP Invisível

Antes de ser retirado, o Touro de Ouro da B3, foi alvo de intensos protestos, aproximadamente dez atos contra a instalação, fome, desigualdade e outras reivindicações, aconteceram em frente ao monumento que faz alusão ao Touro da Bolsa de Valores norte-americana, em Wall Street

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A família de Arturo Di Modica, criador do Touro original de Wall Street, comentou à BBC News Brasil que a obra brasileira foi realizada sem qualquer consulta prévia ou autorização. O agente de Arturo, Jacob Harmer até se assustou com a obra “Você foi a primeira pessoa a nos avisar sobre a existência desse touro em São Paulo”, comentou. 

Túlio Rocha Franco, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, comentou o caso: “Independente da autorização da Subprefeitura e do DPH, existe uma série de licenças que precisam ser solicitadas nesses casos. A autorização da CPPU é uma delas. A Comissão tem poder de veto, e o touro não poderia ter sido instalado sem essa autorização”.