No cardápio das novas fintechs, conta global e câmbio facilitado
Com bilhões de dólares em caixa, as fintechs Revolut e N26 chegam ao Brasil em um cenário macroeconômico desafiador, com inflação e taxa de juros altas, que reduz o poder de compra e requer maior controle das finanças.
As empresas dizem olhar para o Brasil com visão de longo prazo e se propõem a oferecer aplicativos para celular que ajudam a organizar os gastos e a melhorar a relação com o dinheiro.
Os caminhos que as empresas pretendem seguir são ligeiramente diferentes. Enquanto a Revolut tem a ambição de conquistar o consumidor que deseja ter uma conta global que permita a gestão de ativos como dólar, euro, criptomoedas, entre outros, o N26 é mais focado na gestão dos gastos do dia a dia.
“No contexto mundial, a Revolut quer ser um superapp financeiro. A América Latina ainda estava fora da operação principal, e agora Brasil e México entraram no radar da empresa.
Nossa proposta é levar facilidade e acesso a soluções financeiras, independentemente do cenário econômico do País. No Brasil, temos um mercado muito disputado por fintechs, mas não ainda com as melhores soluções”, diz Glauber Mota, presidente da Revolut no Brasil.
Egresso do BTG Pactual, o executivo acredita que o País não tem, por exemplo, boas soluções de câmbio para viagem – recurso que considera como ponto forte da Revolut.
Espera
Após chegar a anunciar o desembarque no Brasil em 2019 e depois voltar atrás, a alemã N26 está agora em fase avançada de testes para iniciar sua atuação País.
Com uma lista de espera de mais de 200 mil clientes, cerca de 2 mil pessoas participam de um teste dos serviços financeiros da companhia. No mundo, a empresa tem atualmente mais de 7 milhões de clientes.
“A primeira geração de fintechs melhorou a relação do consumidor com os bancos. Mas ainda falta melhorar a relação do brasileiro com o dinheiro. Muitos ainda gastam mais do que ganham e nem gostam de pensar em dinheiro. Queremos resolver isso”, afirma Eduardo Prota, presidente da N26 no Brasil.
A N26 também prepara uma solução para orientar decisões financeiras, como a alocação de investimentos, retomando de forma digital a figura do gerente bancário – mas sem estimular a contratação de produtos e serviços que não façam sentido apenas para cumprir metas. “Queremos oferecer serviços financeiros com suporte para tomar as melhores decisões”, diz Prota.
O mercado em potencial para fintechs como Nubank, Revolut e N26 ainda é grande. De acordo com pesquisa feita pela consultoria Accenture em parceria com o N26, uma em cada cinco pessoas que são clientes de bancos e seguros tem conta em um banco digital no mundo, totalizando 450 milhões de clientes.
A estimativa é de que esse número teria potencial para ser triplicado nos próximos anos.
“As pessoas seguem uma tendência de usar vários bancos, nem que seja para testar qual será o banco principal no futuro. A barreira de entrada para abrir uma conta é mínima.
Não é mais preciso ir até uma agência, e os custos foram reduzidos ou extintos. Mas o ambiente competitivo para as fintechs é muito mais acirrado do que há cinco ou dez anos”, diz o analista Pedro Leduc, do Itaú BBA.
*As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
*Com Estadão Conteúdo