Simone Tebet aceita Ministério do Planejamento e fica sem PPI
Tebet deve assumir Planejamento sem PPI, Banco do Brasil e Caixa Econômico
A senadora Simone Tebet (MDB-MS) aceitou nesta terça-feira (27) o convite do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assumir o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, porém ficará sem o comando do Programa de Parcerias de Investimento (PPI).
Apesar de incertezas sobre papel no novo governo, Tebet demonstrou aceitar a nomeação, com a condição de formar sua própria equipe e assumir o programa responsável por parcerias público-privadas. Porém, o PPI deve seguir, contrário do desejo da senadora, para a Casa Civil, sob o secretário da Infraestrutura da Bahia, Marcus Cavalcanti.
“A gente recebeu sinalização positiva”, confirmou o futuro ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT-SP), em uma entrevista coletiva.
Organograma
A equipe de transição do governo eleito entregou nesta manhã o organograma à senadora, no qual o Ministério do Planejamento era previsto a atuar sobre o PPI e seu comitê gestor, com a coordenação dos programas indicada a permanecer no Ministério da Casa Civil.
“O Planejamento, historicamente, participa do comitê gestor que é coordenado pela Casa Civil”, disse o futuro ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, em uma entrevista coletiva nesta manhã.
Embora, ele logo confirmou outro desenho que planeja a alocação do PPI do Ministério da Economia diretamente à Casa Civil. Hoje, o PPI é comandado pelo Ministério da Economia, após a MP (medida provisória) postulada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) a extinguir os três ministérios que o compunha: Fazenda; Planejamento, Orçamento e Gestão; e Indústria e Comércio Exterior.
Com a dissolução do ministério pelo governo eleito, o programa é esperado a ser assumido pelo engenheiro Marcus Cavalcanti, o atual secretário de Infraestrutura da Bahia, sob comando de Rui Costa (PT-BA), futuro ministro da Casa Civil.
Já o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) se mantêm previstos para estarem no organograma do Planejamento. “[O] IBGE e Ipea são estruturas que já existem no Ministério do Planejamento na proposta final da transição. O conjunto dos projetos prioritários do governo, Minha Casa, Minha Vida, Bolsa Família, inclusive o PPI, são projetos coordenados e monitorados pela Casa Civil”, disse Padilha.
Entre outros projetos na carteira do PPI, está a privatização de estatais como a Petrobras e os Correios.
Na entrevista, o futuro ministro disse que o MDB confirmou Tebet em Planejamento e acrescentou a decisão de Lula: “O presidente Lula considerou o Ministério do Planejamento pela importância que tem, o papel que tem de acompanhamento das ações do governo, de participar do comitê gestor de programas prioritários do governo que são coordenados pela Casa Civil, e considerou que a senadora Simone Tebet é um nome adequado para isso. Fez o convite e recebeu a sinalização positiva por parte dela”.
Simone Tebet
Embora sua participação na equipe de transição tenha lhe prometido um cargo no primeiro escalão do governo de Lula, a atuação de Tebet no novo governo é escolhida com muita prudência em contexto de sua provável campanha presidencial nas eleições de 2026.
Portanto, após diversas especulações para diferentes ministérios – pastas em que a senadora inclusive não tem nenhuma especialidade –, mesmo com a proposta no Planejamento consolidada, as tentativas do MDB de impulsionar o ministério que a emedebista é prevista a assumir, vão continuar sendo vetadas.
Na última noite (26), a tentativa de agregar o Banco do Brasil e a Caixa Econômica no Planejamento foi impedida pelo governo eleito, sob o pretexto do movimento dos bancos públicos se aplicarem exclusivamente às políticas da Fazenda, e não ao Ministério do Planejamento.
O desejo do Planejamento controlar o PPI, BB e a Caixa é fruto da vontade eleitoral de Tebet e do MDB. Elas todas são indicadas a serem barradas pelo governo eleito.
A senadora apresenta querer argumentar a Lula que não quer controle sobre as indicações para o BB e a Caixa, e convencê-lo a deixar o BB e a Caixa sob seu guarda-chuva.
Os ministérios
Outras pessoas cotadas para o Planejamento eram o ex-presidente do BNDES e do Banco Central, Pérsio Arida, – cotado a fazer parte de um esquema de “dobradinha” com o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad – e o ex-presidente do BNDES André Lara Resende. Ambos recusaram a proposta.
Simone Tebet é advogada e professora, já atuou como deputada estadual, secretária de governo, vice-governadora e senadora pelo Mato Grosso do Sul. Nas eleições presidenciais, ficou na terceira colocação com 4,9 milhões de votos (4,16%), e declarou seu voto e apoio a Lula durante o segundo turno.
Na transição, ela foi integrante da equipe de desenvolvimento social, pasta desejada a chefiar no novo governo. Contudo, o ministério responsável pelo Bolsa Família foi para o ex-governador do Piauí Wellington Dias (PT). Deste modo, a senadora foi cotada para o Ministério da Educação, que ficou com o senador eleito Camilo Santana (PT-CE), e mais recentemente para o Meio Ambiente, que será comandado pela titular Marina Silva (Rede-SP).
A emedebista também foi cotada para o Ministério das Cidades e para Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Seus respectivos ministros ainda não foram anunciados.
Lula deve anunciar 16 ministros na próxima quarta-feira (28) para concluir a lista dos 37 ministérios confirmados por Padilha.
Seu companheiro dos novos ministérios da economia, Fernando Haddad, ressaltou no último dia 26 a competência de Tebet. “A Simone é uma política muito qualificada, é uma pessoa que sabe trabalhar em equipe, é uma pessoa enfim que estava concorrendo à presidência da República, com muita respeitabilidade. Não vejo nenhuma dificuldade em relação a isso. Muito pelo contrário, acho que é uma pessoa que somou durante a campanha.”
Ambos são prováveis de disputar a Presidência da República em 2026.